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A SENHORA DA CAPELA SÃO MIGUEL

 

Conto ficcional com base em lenda popular

Por Ricardo Salem

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Muito antes de São José dos Campos (SP) se transformar em pólo industrial e comercial, havia muitos casarões e pouquíssimos comércios na região central da cidade. Próximo à Praça Afonso Pena havia um grande cemitério, que ocupava muitos quarteirões, desde um trecho paralelo à Igreja São Benedito até o terreno onde hoje é o Shopping Centro.

Os cemitérios antigos de São José ficavam em lugares que você provavelmente já deve ter passado. O primeiro havia sido instalado na Praça João Guimarães, a praça em frente à Igreja Matriz, onde ficam vários camelôs.

O segundo ficava onde se instalou o antigo cinema Cine Palácio, que hoje deu lugar a um estacionamento, em frente à Praça Afonso Pena. Já o terceiro cemitério era onde hoje fica a Capela São Miguel, seguindo pela avenida Mal. Floriano Peixoto (continuação da Rua Sete de Setembro, e também rua do shopping) e Praça do Sapo.

Dentre as explicações para haver tantos cemitérios próximos entre si, as constantes epidemias que dizimavam centenas de vidas, como os surtos de varíola e tuberculose, causados pela falta de saneamento básico e de vacinas eficazes para a época. 

Conta-se que um casal, Dona Carmelina e Seu Gusmão, além do filho deles, Otávio, residiam na região central de São José. Sempre estavam presentes nos eventos municipais da cidade, principalmente os religiosos. Fatalmente, os homens da família acabaram falecendo, primeiro o patriarca Gusmão, depois o filho Otávio, no ano seguinte.

Dona Carmelina ainda viveu por mais alguns anos. Durante esse tempo, ela fazia questão de cuidar do túmulo do filho, principalmente no dia de Finados, quando aproveitava para limpar e decorar o túmulo e acender velas para a alma de Otávio.

Com o crescimento da cidade, o plano de expansão do pólo comercial de São José propôs inaugurar em 1882 um novo cemitério, agora na rua Antônio Sales. Com a destruição dos túmulos e as cruzes arrancadas, antigos cemitérios deram lugar a casas e comércios. Quem teve recursos para transportar os ossos dos parentes o fez; quem não teve, perdeu as ossadas dos entes queridos com o aterro do cemitério. Uma dessas pessoas foi Dona Carmelina, que anos depois também morreu.

Diz a lenda, que onde hoje é a Capela São Miguel, toda noite que antecede o dia de Finados é possível ver uma senhorinha, Dona Carmelina, vagando com uma vela acesa à procura do túmulo do seu filho. Conta-se que ela enterrou Otávio no antigo cemitério do Centro e costumava acender velas e rezar para sua alma. Porém com a remoção do cemitério, os ossos se perderam no terreno. Há pessoas que juram ter visto essa senhora que vaga, mas nunca tiveram coragem de falar com ela.

 

 

Nota: O conto “A senhora da Capela São Miguel” é uma recriação da lenda popular sobre o espírito de uma senhora, que vaga nas noites que antecedem o dia de Finados à procura do túmulo de seu filho. Os mais antigos dizem que se trata de uma senhora que havia enterrado o filho no antigo cemitério localizado no centro da cidade e que com a remoção dos túmulos acabou perdendo os ossos do rapaz.

A capela São Miguel_melissarahal_site.jp

+ Sobre a Capela São Miguel

 

Construída em alvenaria (tijolos) e argamassa de barro, a Capela de São Miguel ficava na entrada do primeiro cemitério público da cidade. Ela foi usada entre 1834 e 1882 para os velórios do cemitério, sendo desativada depois da inauguração do Cemitério Padre Rodolfo de Komorek, na Rua Francisco Rafael, 357, Centro.

A capela foi reconstruída em 1930 para os fiéis de São Miguel e passou por diversas intervenções arquitetônicas e, concomitantemente, continuou sendo utilizada para velórios por quase 70 anos. Em 1994, foi preservada através da Lei Municipal nº4.592/94. No ano seguinte, 1995, num acordo entre a Fundação Cultural Cassiano Ricardo e a Mitra Diocesana, foi totalmente restaurada.

Em 1999, pararam os velórios. Em 2000, ela foi adquirida pela Prefeitura Municipal de São José dos Campos e, em 2003, passou por outra recuperação, recebendo nova cobertura, pintura e piso. Em 2004, foi construído um gradil na sua lateral esquerda e realizado pequeno ajardinamento.

Atualmente, a construção é preservada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico, Paisagístico e Cultural (COMPHAC).

O Fundo Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico, Paisagístico e Cultural (FUMPHAC) é destinado a custear a aquisição, conservação, preservação e restauração dos bens móveis e imóveis, públicos ou privados que são patrimônios do COMPHAC. São 40 patrimônios preservados por lei, entre conjuntos arquitetônicos, espécies arbóreas e o Patrimônio Imaterial Joseense, como a Banda de Santana.

 

 

Fonte: http://servicos2.sjc.sp.gov.br/noticias/noticia.aspx?noticia_id=18270

http://www.fccr.sp.gov.br/index.php/comphac-sp-27657/bens-preservados/327-capela-de-sao-miguel

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